Utilizar o verbo “inovar” para definir do que é feito o ADN da indústria agroalimentar não é, na verdade, nenhuma inovação. As empresas do setor, desde os seus primórdios, têm vindo a fazer isso mesmo, ou seja, têm vindo a procurar sempre novas formas de apresentar aos consumidores alimentos seguros, acessíveis, nutritivos e hedónicos.
Hoje, é, por isso, indiscutível a variedade e a qualidade de produtos que podem ser encontrados nos lineares dos supermercados, nas mesas dos restaurantes e nos milhões de lares por todo o país.
Contudo, se ao longo de décadas o foco da inovação esteve (e estará) no desenvolvimento e melhoria do produto e do processo, os desafios que se têm vindo a colocar fizeram com que a indústria agroalimentar tenha sido capaz de antever e conquistar novos territórios, sendo, em muito casos, pioneira. Nos modelos de negócio com os parceiros da cadeia de valor e na capacidade de trabalhar em rede dentro e fora das fronteiras de cada país; na sustentabilidade ambiental, circularidade, valorização de materiais; nas práticas de comunicação e informação ao consumidor.
É, por isso, crucial que em Portugal e na Europa as lições da indústria agroalimentar possam ser exemplo para o caminho futuro.
Mas é também crucial que o dito “novo normal” não resuma e limite o tecido empresarial à necessidade de adaptação ao “novo” ainda incerto e que o enquadramento europeu – no qual Portugal assumirá a presidência rotativa do Conselho já em janeiro – não se deixe dominar pelo ímpeto legislativo, que tem vindo a sobrepor-se à confiança na capacidade de autorregulação setorial e intersectorial.
Para que a inovação aconteça na economia (e na indústria agroalimentar), embora sejam, sem dúvida, importantes os investimentos estruturais e apoios financeiros, é decisivo garantir às empresas cenários de estabilidade e de liberdade para que possam atuar.
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