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Editorial
Pedro Queiroz | Diretor-Geral
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Na madrugada em que a maior parte das previsões falhou, Donald Trump ganhou a presidência dos EUA e deixou o mundo suspenso. A transferência de poder dos democratas para os republicanos e, muito especialmente, a personalidade do próximo inquilino da Casa Branca, terão certamente impacto em várias áreas da política mundial e nos diferentes setores da economia. Mas quais serão as implicações no setor agroalimentar europeu? Para já fica a dúvida sobre a evolução das negociações em torno da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), acordo que, durante a campanha, Trump colocou em causa e que pode agora sofrer profundas alterações de rumo ou ver colocadas em cima da mesa condições inaceitáveis para a Europa. Por outro lado, está em causa o crescimento de uma onda de protecionismo que pode conduzir ao agravar das fragilidades da União Europeia, alavancado por um hipotético retomar das relações entre os EUA e uma Rússia que se tem pautado pelos embargos aos produtos europeus e que tem levantado sérios receios quanto à perda do acesso ao importante mercado de cereais da Ucrânia. Numa europa que ainda não absorveu grande parte das consequências do Brexit, novas alianças políticas e comerciais podem afinal agravar as roturas internas e colocar em causa eixos como as exportações ou a política agrícola comum. Conhecidos os resultados que lhe deram a vitória, Trump disse querer unir os americanos, espera-se que não divida (ainda mais) o resto do mundo!
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