As Nações Unidas organizaram no passado dia 23 de setembro a primeira Cimeira dos Sistemas Alimentares. Na sua mensagem, António Guterres, Secretário-Geral da ONU, destacou que “o sistema alimentar não prospera sem que todos os setores trabalhem como um só, em direção a objetivos comuns”.
Posição também defendida recentemente pela FIPA, que sublinhou a importância deste ecossistema colaborativo numa intervenção sobre o futuro dos sistemas alimentares, integrada no XX Congresso da Associação Portuguesa de Nutrição. Concretamente, destacámos que este sistema terá de ser mais tecnológico e humano, inovador e equilibrado, bem como ambiental, social e economicamente mais sustentável.
O caminho para concretizar esta evolução começou já a ser trilhado por todos, com o objetivo de termos maior solidez e resiliência para as próximas décadas. Este trabalho não será linear nem simples, dada a complexidade do sistema alimentar, as suas múltiplas áreas e os seus intervenientes diretos e indiretos.
Contudo, é já nos dias de hoje que a cadeia de abastecimento, nacional e internacional, tem vindo a enfrentar grandes testes à sua resiliência, deparando-se com diversas condicionantes à sua base de funcionamento, devido ao atual panorama de operações no comércio mundial.
Os efeitos diretos da pandemia COVID-19, as alterações nas políticas e estratégias comerciais e o reflexo de fatores exógenos (como os impactos dos fenómenos da natureza nas produções) são alguns dos exemplos que colocam novos desafios ao sistema alimentar. Traduzem-se em entraves e demoras nas cadeias de logística e transportes, no encarecimento e acesso mais dificultado a matérias-primas, no aumento significativo dos custos com energia e combustíveis.
Os operadores dos diversos setores alimentares têm vindo a enfrentar todos estes desafios, agudizados nos últimos meses, tendo sempre como foco a resposta às necessidades dos consumidores.
O facto é que este cenário pode colocar em causa a competitividade da cadeia agroalimentar. Portanto, sejamos realistas. Reduzir a competitividade é diminuir a capacidade de aposta em inovação, em investigação e desenvolvimento, em sustentabilidade, em novos modelos de negócios. É afunilar as possibilidades de construirmos o verdadeiro sistema alimentar de futuro. Mais do que nunca, é agora importante a ação conjunta.
|