Numa altura em que as empresas da indústria agroalimentar continuam a fazer face a enormes desafios, sublinhamos os sinais positivos. Divulgados esta semana pelo INE e analisados pela FIPA, os dados revelam um crescimento das exportações de produtos alimentares e bebidas, no acumulado de janeiro a setembro, quer quando comparados com período homólogo (+12,30%) quer na comparação com igual período de 2019 (+13,50%).
Estes números revelam que os mercados internacionais têm vindo a ser estratégicos para o setor, são prova de que as empresas conseguiram, mesmo em plena pandemia, continuar no caminho do crescimento no quadro das transações externas e demonstram o reconhecimento e a valorização dos produtos nacionais além-fronteiras. Não nos cansamos de dizer que a indústria agroalimentar deve, por isto, ser um importante ativo para a projeção económica de Portugal no mundo.
Contudo, relembro as palavras do Presidente da FIPA, Jorge Tomás Henriques, na leitura destes dados, assinalando que “importa estarmos muito atentos à atual conjuntura de disrupções na cadeia de abastecimento, cenário que impacta não só a disponibilidade e custo das diversas matérias-primas, mas que pode ter impacto também nesta trajetória de exportação”.
Tal como assumiu perante todas as adversidades causadas pela pandemia, a indústria agroalimentar continuará a colocar todo o seu empenho para dar respostas às necessidades e exigências do consumidor no mercado interno, afastando alarmismo e cenários de ruturas.
Mas que consequências terá esta instabilidade mundial nas exportações? Estamos perante um caso sério para a economia portuguesa e que pode ter impactos de abrandamento de crescimento para o setor agroalimentar. Continuaremos focados nos bons resultados, mas não exportamos sozinhos e dependemos, sim, de políticas económicas globais.
Por isso, ainda que possam ser temporárias, é necessário que estas disrupções na cadeia de abastecimento comecem já a ser profundamente analisadas para que se identifiquem premissas, retirem conclusões e definam planos para evitar esta aparente tendência de retração da globalização. Não dependerá da atuação unilateral dos governos nacionais, mas de uma atuação sincronizada e, neste âmbito, a União Europeia tem de ter um papel fundamental.
Concordamos que o foco europeu deve estar no futuro sustentável, mas é o momento da Europa se reafirmar na definição de estratégias comerciais mundiais porque a sustentabilidade económica não acontece quando existem portas fechadas que ameaçam a competitividade das empresas.
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