Nº 33 | 2 outubro 2020

Editorial

Pedro Queiroz | Diretor-Geral

Ursula von der Leyen esteve em Lisboa no final do mês de setembro. De agrado geral foram os rasgados elogios que a presidente da Comissão Europeia teceu a Portugal, afirmando que o país “não é apenas um exemplo de como encontrar uma saída para a crise - com boas ideias, trabalho árduo e disciplina”, mas também “um modelo na definição do caminho rumo ao futuro”.

Contudo, entre as mensagens deixadas por von der Leyen, parece-nos igualmente importante sublinhar a nota feita sobre a importância do contributo de cada país na construção deste novo futuro: “a União Europeia só será forte e resiliente quando cada um dos nossos Estados-Membros for forte e resiliente”.

Reside aqui o ponto fulcral. Numa altura em que cada Governo olha atentamente para as suas necessidades financeiras, económicas e sociais, impera mantermos a “identidade europeia”, cujo um dos principais pilares é o Mercado Único.

Com diversos especialistas a preverem a ascensão de políticas protecionistas, é imperativo que haja uma especial atenção para os sinais que surjam neste sentido, pois os seus resultados nunca serão positivos. Basta olharmos para o impasse do Brexit. Aliás, a este propósito, a CIP manifestou recentemente a sua preocupação pelo atraso na negociação sobre as relações futuras com a UE e pelos seus riscos acrescidos para as empresas.

Indiscutivelmente, é momento de exaltar o que cada país tem de melhor e incentivar cada cidadão a valorizá-lo. Mas é altura de fortalecer a cooperação entre os estados europeus para reforço de uma união de mercados e na qual cada nação tenha, ainda assim, uma palavra. 

Esta fórmula, assente na partilha e na colaboração, é especialmente relevante quando falamos da indústria agroalimentar por ser um setor que, ao mesmo tempo, tem tido um papel fundamental para a garantia da sustentabilidade do consumo nacional e apostado na sua internacionalização.

Acima de tudo, pelo papel essencial no dia-a-dia dos cidadãos e por ser motor de desenvolvimento na sustentabilidade ambiental, na investigação e ciência e na digitalização de processos e em novos modelos de produção e negócio, a indústria agroalimentar defende precisamente uma união nacional de escala global.

Se Portugal está bem posicionado para ser “um modelo” de futuro, este modelo tem de estar assente na afirmação europeia – e mesmo transeuropeia - dos melhores contributos dos diversos setores da economia e da sociedade.


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