Os dados das exportações nacionais ao longo do ano de 2020 foram recentemente divulgados pelo INE e, em conclusão, entre os “resistentes” está o setor dos produtos alimentares e bebidas, cujas exportações aumentaram 0,25%, de acordo a análise feita pela FIPA aos dados publicados. Um crescimento marginal, sublinhe-se.
É, um facto, que a indústria agroalimentar tem vindo a demonstrar toda a sua resiliência em momentos de crise e que foi chamada a rapidamente adaptar-se a um mercado que sofreu grandes alterações no último ano.
A aposta na intensificação das exportações foi um dos caminhos tomados que, no entanto, não anula o impacto da instabilidade sentida no mercado interno e, sublinhando as palavras do Presidente da FIPA, Jorge Henriques, “não pode ser interpretado como solução estrutural para fazer face às dificuldades sentidas pela indústria agroalimentar”.
É, portanto, crucial analisar estes dados nas perspetivas internacional/europeia e nacional.
Assim, por um lado, é importante um acompanhamento contínuo dos comportamentos das economias mundiais. A União Europeia tem aqui uma tarefa reforçada em não só garantir o bom funcionamento e coordenação do Mercado Único, mas também não se fechar em si e fortalecer a diplomacia de negócios através de acordos comerciais sólidos.
Por outro lado, no plano nacional devemos ter uma forte base para o período de recuperação do mercado interno que se segue com medidas que venham reforçar a competitividade da indústria e de toda a cadeia agroalimentar.
Por via fiscal, é imperioso que os próximos Orçamentos do Estado não venham penalizar o setor; por via de regulamentação, é importante auscultar o intervenientes da cadeia para avaliar o impacto das medidas no seu funcionamento e na prestação de serviços/produtos que entregam ao consumidor; por via do incentivo, é fundamental apoiar o tecido empresarial nos processos de investigação e desenvolvimento e canalizar investimento para implementação de iniciativas e projetos que promovam a evolução da economia real, do emprego e da inovação.
Portanto, a exportação é, sim, uma solução para que a indústria agroalimentar possa contribuir para o desempenho da economia nacional. Mas é necessária uma solidez no contexto interno para que o possa fazer com mais consistência.
A terminar a semana, assinalamos a intenção do Governo em alargar a testagem massiva aos setores essenciais da economia. Esperamos, por isso, que as empresas da indústria agroalimentar possam ser abrangidas pela testagem regular, mas a nível nacional e não apenas tendo por base o critério incidência cumulativa de números de casos por habitante, como referido pela DGS.
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